Mudanças Climáticas e Turismo: desafios e oportunidades no Brasil

Foto: Ilha de Itaparica-BA (Gleidson Santos - MTur Destinos)

O tema Sustentabilidade é tanto antigo quanto novo. Os limites dos recursos naturais constam na literatura desde o Século XVIII, como no livro “A Riqueza das Nações” - de Adam Smith (1776). Porém o tema ganhou mais atenção, sobretudo, a partir da segunda metade do século XX com a Conferência de Estocolmo sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Humano, em 1972. Na ocasião, discutiu-se o conceito do ecodesenvolvimento, apresentado por Ignacy Sachs como “satisfação das necessidades básicas; solidariedade com as gerações futuras; participação da população; preservação do meio ambiente; e a criação de programas educacionais”.

O termo desenvolvimento sustentável, que de certa maneira substituiu o de Sachs, foi apresentado no Relatório Brundtland - Nosso Futuro Comum, lançado pelas Nações Unidas em 1987. Desde então, consolidaram-se expressões como sustentabilidade, Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, negócio sustentável, e, mais recentemente, surgiram novas abordagens como a a economia donut (Kate Raworth) e a sigla ESG (Ambiente, Social e Governança), sobretudo para o ambiente corporativo.

No século XXI, além de a Ciência oferecer ininterrupto aprofundamento do conhecimento da sustentabilidade à humanidade, temos de lidar com as emergências planetárias, como as mudanças climáticas. As indicações alarmantes das recentes pesquisas publicadas pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) sobre aquecimento global e alterações climáticas aceleram a percepção de que precisamos agir a favor do equilíbrio dinâmico entre seres humanos e natureza antes que seja tarde demais. Diferentes autores destacam que trata-se do maior desafio do nosso século¹. Não é mais uma questão do futuro e, sim, uma emergência do presente.

Diante de tantas perspectivas do passado e do amanhã, vamos trazer esse contexto para o hoje: o que podemos fazer para iniciar a gestão da sustentabilidade em nosso raio de atuação, com foco nas  mudanças climáticas? Considerando as nove fronteiras planetárias estabelecidas pelo Centro de Resiliência da Universidade de Estocolmo - sob coordenação do cientista Johan Rockstrom - divulgadas em 2009 e recentemente atualizadas em 2015 e 2022², como transitar modelos econômicos e desenvolver ações rumo ao maior equilíbrio entre humanos e natureza? Quais as principais estratégias e ferramentas disponíveis hoje para a gestão da sustentabilidade no âmbito das mudanças climáticas? Como estes dois temas dialogam com o turismo brasileiro?

Grande parte dos principais destinos turísticos no Mapa do Turismo Brasileiro estão em áreas de grande vulnerabilidade e riscos às mudanças climáticas. O turismo é um setor com interface dupla no âmbito da crise climática: por um lado, sofre os impactos diretamente e, por outro lado, é um relevante emissor de Gases de Efeito Estufa-GEE. Este setor contribui com o consumo de energia, uso de combustíveis fósseis e depende do transporte multimodal de turistas³.

Em busca de soluções, no ano passado, na Conferência das Nações Unidas para Mudanças Climáticas, COP 26, foi lançada a Declaração de Glasgow para Ações Climáticas em Turismo, mas que ainda tem baixíssima adesão de atores-chave do setor de turismo brasileiro*. Por outro lado, este acordo global é uma grande oportunidade para a transição necessária rumo à redução de 50% das emissões até 2030 e para zerar emissões o quanto antes de 2050!

Em meio a tantas questões essenciais para a gestão pública e privada, as pesquisadoras LETS Jaqueline Gil e Nayara Marques organizaram o curso “Gestão da Sustentabilidade e Mudanças Climáticas”, que será oferecido em 18 de maio, entre 19h00 e 22h00, online e ao vivo.

Todas as informações podem ser encontradas aqui, e adiantamos que o conteúdo será pautado por:

  • Conceitos de sustentabilidade em alinhamento com mudanças climáticas (ODS 13)
  • Mudanças Climáticas e Fronteiras Planetárias (Escola de Estocolmo)
  • Como desenvolver um plano de ação climática rumo à sustentabilidade

Ainda que o assunto seja extenso e não seja possível aprofundamento em 03 horas, o objetivo geral do curso é oferecer um apanhado geral do contexto científico e conceitual da temática e apresentar orientações rumo à elaboração de planos de ação climática, que podem se tornar políticas públicas ou ser elaborados por organizações públicas ou privadas. Além disso, um dos resultados positivos é possibilitar a criação de uma rede de profissionais que querem se engajar com mudanças climáticas & turismo.

O IPCC indica o Brasil entre os países mais vulneráveis do mundo no âmbito dos impactos das mudanças climáticas. É dever de cada um de nós tomar iniciativas que, em conjunto, possam minimizar os riscos, mitigar as emissões de carbono e promover adaptação frente a tantas vulnerabilidades.  

Mais informações sobre o curso? Acompanhe nossa LIVE tira-dúvidas nesta quinta às 19h aqui.

Fontes complementares:
¹ Cramer, 2014; Worster, 2016; Abramovay, 2020; IPCC, 2021  
² https://www.stockholmresilience.org/research/planetary-boundaries.html
³ OMT, 2008; Peeters et al., 2017; OMT & IFT, 2019; Grimm & Sampaio, 2017; Grimm et al., 2018; Grimm, 2019; Santos & Marengo, 2020

Jaqueline Gil

Jaqueline Gil

Doutoranda no Centro de Desenvolvimento Sustentável na Universidade de Brasília (UnB) e CEO da consultoria Amplia Mundo. https://www.linkedin.com/in/jaquelinegil/
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Nayara R. Marques

Nayara R. Marques

Doutoranda em Desenvolvimento Sustentável (CDS/UnB) mestra e bacharela em Turismo e especialista em gestão ambiental.
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