Gestão do uso público: turismo e lazer em áreas protegidas

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Em parceria com o ICMBio, as pesquisadoras do LETS Camila Rodrigues (UFRRJ) e Susy Simonetti (UEA) participaram do grupo de editores da revista BioBrasil, em seu dossiê voltado para gestão do uso público em áreas protegidas.

A revista traz 22 artigos que tratam de inúmeros aspectos relevantes para a temática: perfil do visitante, atuação dos condutores, participação da comunidade, olhar dos gestores sobre manejo, interpretação ambiental, trilhas de longo curso, concessões em em UCs, planejamento, entre outros. Estes estudos abarcam uma enorme diversidade de unidades de conservação no Brasil e de diferentes tipologias.

A professora Camila Rodrigues, ressalta que "a edição da BioBrasil foi idealizada a partir de uma demanda da Comunidade de Prática de Visitação em Áreas Protegidas, um coletivo que reúne pesquisadores de diferentes universidades e gestores de diversas áreas protegidas no Brasil, com o objetivo de construir uma agenda de pesquisa colaborativa para apoiar a gestão da visitação nas áreas protegidas brasileiras."

No editorial, os organizadores enfatizam que "o uso público em áreas protegidas, por meio de atividades de lazer e turismo, é considerado uma importante ferramenta de conservação da natureza e um aliado estratégico na proteção dessas áreas. A presença do visitante, assim como de pesquisadores e voluntários, pode auxiliar no monitoramento das atividades e nas iniciativas de gestão e conservação. Além disso, o uso público proporciona ao visitante a oportunidade de conhecer e vivenciar ambientes naturais e práticas socioculturais, além de criar vínculo com as áreas protegidas e territórios envolvidos. Assim, os visitantes se apropriam desses espaços e compreendem a função das áreas protegidas na manutenção de serviços ecossistêmicos para a sociedade e qualidade ambiental."

Eles ressaltam que o turismo em áreas protegidas pode contribuir para a indução do desenvolvimento em bases sustentáveis,  além de fortalecer a socioeconomia dos locais onde ocorre. Ademais, os editores chamam atenção para o fato de que a visitação pode "ampliar a visibilidade e o apoio político-social para a preservação das áreas protegidas e o incremento de receitas para a recuperação e manutenção das espécies e seus habitat".

Susy Simonetti explica que foram recebidos muitos artigos, o que é um feito ainda mais relevante em um período pandêmico. Para a professora, isso " toda essa produção está relacionada ao turismo em áreas protegidas. O que significa que o tema é relevante e cada vez mais ganha espaço nas discussões e revistas acadêmicas".

No editorial, são resumidas algumas das características desta visitação no Brasil: "a Mata Atlântica foi o bioma mais visitado, abrangendo quatro das dez unidades de conservação mais procuradas para visitação, e os parques nacionais são as áreas protegidas mais utilizadas pelo uso público". Ainda, somam uma mensuração da importância econômica da atividade turística nas UC federais:

em 2018: 12,4 milhões de visitas geraram contribuição total para a economia nacional de cerca de 90 mil empregos, R$ 2,7 bilhões em renda, R$ 3,8 bilhões em valor agregado ao PIB e R$ 10,4 bilhões em vendas e R$ 1,1 bilhão em impostos.
em 2019: foram registradas 15 milhões de visitas, um aumento de 20,4% em relação ao ano anterior.

Helena Costa, coordenadora do LETS, acrescenta que este "trabalho é especialmente relevante não apenas pela temática, como pela preciosa e fundamental articulação entre academia, sociedade civil e órgãos do setor público para trazer informações de qualidade".

Para conhecer a revista na íntegra, acesse aqui

Helena Costa

Helena Costa

Cofundadora e pesquisadora do LETS/UnB. Professora Associada VI - Departamento de Administração da Universidade de Brasília. Doutora em Desenvolvimento Sustentável. Mestre em Turismo. Administradora.
Brasilia, Brasil