Turismo indígena: o caso dos Maoris da Nova Zelândia
Para discutir pesquisa e prática de turismo indígena, o LETS convidou duas premiadas profissionais indígenas neozelandesas, a Prof. Dra. Diane Ruwhui, da Universidade de Otago, e a empresária indígena e consultora senior Kylie Ruwhui-Karawana.
Com o tema “Turismo indígena Maori: abraçando o passado para preparar para o futuro”, a apresentação explorou, sob a ótica de indígenas Maori, como podemos abraçar o conhecimento e a sabedoria do passado, para guiar, inspirar e se desafiar enquanto trabalhamos com comunidades para construir caminhos de resiliência que guiarão o turismo indígena no futuro.
A presença dos Maori tem se expandido em processos decisórios, em âmbito público e privado, desde os anos 1980. Atualmente, são mais de 350 empreendimentos indígenas em quase todas as regiões do país. Valores como manaakitanga (hospitalidade) e kaitiakitanga (cuidados com a natureza), aplicados nos empreendimentos, se tornaram centrais na estratégia de turismo da Nova Zelândia desde 2015.
Jaqueline Gil, pesquisadora LETS que coordenou a sessão, trabalhou por 7 anos na Embaixada da Nova Zelândia no Brasil e afirma que “o espaço conquistado pelos indígenas na sociedade e na economia da Nova Zelândia, nos últimos quarenta anos, está sedimentando a formulação de políticas públicas e de negócios com o olhar da prosperidade coletiva. É um caso que precisamos conhecer melhor, principalmente considerando a grandiosidade dos indígenas no Brasil e todo o potencial que precisamos abraçar para permitirmos mais prosperidade aqui também”.
Para a Professora Dra Helena Costa, coordenadora do LETS, “o encontro é uma oportunidade para aprofundar e internacionalizar perspectivas na pesquisa brasileira, principalmente em tema tão importante quando falamos de sustentabilidade: os valores indígenas. É fundamental que os povos indígenas sejam protagonistas nos processos de desenvolvimento turístico".
O Encontro, que pode ser assistido aqui, contou com apoio da Embaixada da Nova Zelândia, que garantiu tradução simultânea profissional, para disseminação de conhecimentos científicos e de negócios neozelandeses.
Para saber + sobre as palestrantes:
Dra Diane Ruwhiu (Ngāpuhi) é uma acadêmica indígena Māori e professora associada na Escola de Negócios da Universidade de Otago, com ampla experiência em estudos Maori. É pesquisadora associada ao Ngā Pae o te Māramatanga (Centro de Excelência em Pesquisa Māori) e sua pesquisa se concentra em questões de relevância para o desenvolvimento Māori, em particular economia e negócios. A professora contribui para os estudos indígenas em gestão e organização, especialmente sobre a construção de capacidade organizacional e interseção entre conhecimento das ciências indígenas e da educação. Ela publicou internacionalmente em áreas relacionadas ao turismo indígena, liderança, empreendedorismo, ensino superior e metodologias de pesquisa. Diane também recebeu o prêmio de excelência em ensino da Universidade de Otago Kaupapa Māori 2021, pelo desenvolvimento do currículo indígena na Otago Business School.
Kylie Ruwhiu-Karawana (Ngāpuhi) trabalha no setor de turismo há mais de 20 anos, com especialização em turismo indígena Māori. Kylie foi a primeira indígena a assumir cargo de gestão em políticas públicas indígenas na Turismo da Nova Zelândia, onde trabalhou por 9 anos. Sua última função foi Gerente de Desenvolvimento Māori, onde desenvolveu estratégias de desenvolvimento Māori e facilitou a implementação de componentes culturais indígenas em todas as facetas da organização. Ela trabalhou com operadoras de turismo Māori em Aotearoa Nova Zelândia, ajudando-as a desenvolver suas experiências. Atualmente, trabalha como consultora de turismo na TRC Tourism, especializada em turismo indígena Maori. Kylie tem uma paixão pelo turismo Māori, que foi fundamental para o estabelecimento de uma empresa whānau ( família) de ecoturismo em 2018, que venceu a categoria Māori Business no 2020 Otago Westpac Business Awards
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