Vivemos um momento sem precedentes para o desenvolvimento da atividade turística no Brasil. Durante a pandemia, a falta de perspectiva para realizar grandes deslocamentos fomentou a realização de viagens de proximidade com o espaço de residência, e mais vezes no ano além das férias e feriados prolongados, o que abriu espaço para o turismo rural. Essa prática se enraizou nas necessidades dos brasileiros, mantendo-se no cenário pós-pandemia.
Cerca de 80% da população brasileira vive em cidades. O turismo rural se consolida como alternativa para momentos de descontração, seja para fugir do tédio do isolamento, seja agora, no momento de retorno do ritmo intenso das metrópoles. Esta modalidade proporciona uma vivência ao ar livre, contato com a natureza e experiências no interior do país.
Neste sentido a SPRINT Dados, empresa fundada por mim, pesquisadora do LETS, em 2022 realizou a primeira edição da Pesquisa de Demanda do Turismo Rural Brasileiro, que contou com o apoio institucional do Ministério do Turismo. O objetivo foi conhecer o perfil, as preferências e as necessidades do público brasileiro em relação ao Turismo Rural, de forma a melhorar cada vez mais os produtos e serviços turísticos desse segmento e subsidiar o planejamento e investimentos.
A 1ª edição teve como resultado um e-book gratuito, de livre distribuição em formato PDF, que teve mais de 300 downloads desde a sua publicação. Ainda, realizamos a apresentação dos resultados em um evento online, que contou com 88 pessoas assistindo ao vivo, e já possui mais de 280 visualizações.
Com o intuito de atualizar os dados, ampliar a amostra e trazer ainda mais visibilidade ao estudo, realizamos a segunda edição da pesquisa, elaborada pela SPRINT Dados. Esta edição contou com a parceria com o Ministério do Turismo (MTur) e da Rede Turismo Rural Consciente (TRC). Os resultados foram conhecidos no dia 26 de junho passado, por meio de evento online, que teve as participações de Rayane Ruas (CEO, Sprint Dados), Anna Modesto (Ministério do Turismo) e Aline Moraes (Rede Turismo Rural Consciente).
A pesquisa foi realizada ao longo de 45 dias, de 20 de abril a 31 de maio passado, e contou com a participação de 1.615 pessoas. Na apresentação dos resultados pude mostrar os dados em três seções: caracterização do público; preferências do turista; planejamento e reserva de uma viagem.
Em caracterização do público, no perfil dos viajantes, prevaleceram 63% do gênero feminino e 36% do gênero masculino, com idade predominante de 39 a 50 anos. Há de se destacar, no entanto, que houve um aumento de 6% na idade entre 51 e 69 anos. São viajantes com uma educação formal alta, uma vez que 35% possuem pós-graduação. Além disso, 48% são casados, 28% atuam como servidor público, 32% dispõem de renda entre 4 e 6 salários-mínimos e 50% viajam em família. As viagens ocorrem em média três vezes ao ano e, nas idas ao meio rural, para 26,6% do público estar com a família é o mais importante.
Os dados e informações da caracterização do público são úteis para segmentação do empreendimento ou destino de turismo rural. Percebemos que a viagem em família continua dominando, mas os dados apontam que há muitos passeios feitos somente pelo casal e com grupos de amigos. Por isso o foco não deve ser somente entreter as crianças, é importante ter opções de atrações para os adultos também.
O contato com a natureza impera nas preferências do turista. Para 74% dos entrevistados a atividade mais buscada no meio rural é a contemplação da natureza e 73% dos participantes procuram pela autenticidade gastronômica da comida caseira. Além das atividades em alta, esse painel também mostrou aquelas menos buscadas pelo turista, como recreador fulltime, apontada apenas por 4% dos respondentes. No item atividade diferenciada, de forma surpreendente, 50% dos participantes responderam querer aprender algo novo, 47% procuram por atividades ligadas à sustentabilidade e 40% têm interesse em observação de estrelas.
“Esses dados são importantes e nos mostram que estamos no caminho certo. As pessoas acham que o fato de não terem internet em suas propriedades, não vai funcionar o turismo rural. Mas, a pesquisa mostra que os turistas estão em busca de outras conexões, quando vemos que 74% estão em busca de contemplar a natureza. Costumo dizer aos meus alunos que esse ‘nadismo’ é atrativo, é sentar e não fazer nada; só sentar e contemplar a natureza e lembrar que fazemos parte dela”, destacou Aline Moraes, coordenadora da Rede Turismo Rural Consciente.
A pesquisa apontou, ainda, que para 68% dos entrevistados o contato com a natureza é o principal motivo da viagem ao meio rural. Essa viagem dura em média três dias e a distância percorrida para chegar ao destino rural é entre 250 e 500 quilômetros.
“O turismo rural requer simplicidade. Não queremos um turismo de massa. O turista busca comida gostosa, fogão a lenha, insumos colhidos na horta. A ministra disse na semana passada que o turismo rural é uma nova tendência que veio para ficar”, ressaltou Anna Modesto, da Coordenação-Geral de Produtos e Experiências Turísticas do Ministério do Turismo (MTur).
No planejamento e reserva de uma viagem, a pesquisa demonstrou que 51% planejam viajar ao meio rural nos finais de semana. vale lembrar que ao longo do ano são 52 finais de semana que podem ser oportunidades de negócios para os empreendimentos rurais. Acerca do meio mais utilizado para fazer reservas, 52% seguem as recomendações de amigos e familiares, utilizam as redes sociais e sites. O turista está disposto a pagar diárias que custam entre R$ 250 a R$ 500.
Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul são os estados com maiores demandas de turismo rural brasileiro. Para conhecer a listagem completa de estados, basta consultar o painel interativo no link Demanda Turismo Rural | SPRINT DADOS
Os dados da pesquisa mostram que o turismo rural tem grandes potencialidades. Indicaram que o viajante tem interesse pela natureza e ambiente rural, prioriza o conforto e a simplicidade em busca de escapar da agitação da cidade. É um público formado por famílias que visitam o ambiente rural em média três vezes ao ano, com permanência média de três dias, utiliza as redes sociais e as recomendações de amigos como principal meio de informações e faz reservas diretamente no empreendimento.
Todos esses dados permitirão ao mercado tomar as melhores decisões. Apropriem-se dessas informações.
O resultado completo do estudo está disponível ao público gratuitamente em formato e-book, e em um painel interativo de dados. Ambos podem ser acessados em www.sprintdados.com.br/turismorural.